22.12.06

Até para o ano

Depois de umas férias merecidas, volto dia 3 de Janeiro.
Bom Natal e Bom Ano Novo para todos.

21.12.06

Photobucket - Video and Image Hosting
Foto: "Electric Dave" de Liad Cohen, New York, com LCA


nenhuma luz nasce de nenhuma luz

desmultiplicada
asede cavalga sombras
até muito antes de eu
como a salvação ou uma infância
nascida entre vários impossíveis

nenhuma luz nasce de nenhuma luz
diz sem palavras a luz que nasce para morrer
sempre muito antes de eu
e no impossível Dezembro de todos os gestos
toda a luz nasce de nenhuma luz

Pedro Sena-Lino
Natal 2006

19.12.06

A Banda do Momento



Musica Tradicional Portuguesa, viagens e enófilias sonoras aos recôndidos cantos do imaginário lúdico da Península, é o que esta ensemble de músicos vos traz. Não se façam rogados e visitem o blog!

E fiquem atentos aos concertos. O último que fui ver na Sede do meu querido Spooooooorting, foi de deitar a casa abaixo (quase que o era literalmente), de comer cachupa e chorar por mais, e de rodopio a noite inteira.

Virou!

Minha Alma - Maria Rita

"(...)
Me abrace e me dê um beijo
Faça um filho comigo
Mas não me deixe
Sentar na poltrona
No dia de domingo

Procurando novas drogas de aluguel, nesse vídeo coagido, é pela paz que eu não quero seguir admitindo."

Poema a todas as mulheres



DESPERTA-ME DE NOITE
O TEU DESEJO
NA VAGA DOS TEUS DEDOS
COM QUE VERGAS
O SONO EM QUE ME DEITO
É REDE A TUA LINGUA
EM SUA TEIA
É VICIO AS PALAVRAS
COM QUE FALAS

A TRÉGUA
A ENTREGA
O DISFARCE

E LEMBRAS OS MEUS OMBROS
DOCEMENTE
NA DOBRA DO LENÇOL QUE DESFAZES

DESPERTA-ME DE NOITE
COM O TEU CORPO
TIRAS-ME DO SONO
ONDE RESVALO

E EU POUCO A POUCO
VOU REPELINDO A NOITE
E TU DENTRO DE MIM
VAI DESCOBRINDO VALES.

Maria Teresa Horta

15.12.06

Este Natal, um Corcovado só para ti

Antonio Carlos Jobim
1960

Num cantinho um violão
Este amor, uma canção
Prá fazer feliz a quem se ama
Muita calma prá pensar
E ter tempo prá sonhar
Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor, que lindo!

Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade
Meu amor

11.12.06

Fazes-me falta...



Foi o que eu pensei, quando estava a fazer a minha lista de desejos. Em 2002, deixei o tempo passar e esqueci-me da Inês Pedrosa numa prateleira de uma livraria qualquer.

Passados quatro anos, faz-me falta este livro lá em casa.

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!


José Carlos Ary dos Santos


Hoje sinto-me revivalista! E não me importa que me digam que todos põe o Ary no blog, ou o citam, ou o cantam...

6.12.06

Cesário Verde

Eu que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa de um café devasso,
Ao avistar-te, há pouco fraca e loura,
Nesta babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorrestes um miserável,
Eu, que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, sudável.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez que não o suspeites!
-Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada....
Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar o teu peito.
Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da nação.
«Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!»
De repente, parastes embaraçada
Ao pé de um numeroso ajuntamento,
E eu, que urdia estes frágeis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Um pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.
E foi, então que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.
A vida podia ter CTRL Zês...

4.12.06

Poesia do Zigurate

77

Há uma fúria silenciosa que me quer dominar;
Há uma vibrante melancolia que me fascina;
Há um desejo permanente de abandonar
A linha das convenções.

(...)

Série: Poesia
Por: p az
Lê mais em: O Zigurate