"...Entanto os delírios que as almas nos fremiam, não os provocavam unicamente as visões
lascivas. De maneira alguma. O que oscilávamos, provinha-nos de uma sensação total idêntica
à que experimentamos ouvindo uma partitura sublime executada por uma orquestra de mestres.
E os quadros sensuais valiam apenas como um instrumento dessa orquestra. Os outros: as luzes,
os perfumes, as cores... Sim, todos esses elementos se fundiam num conjunto admirável que,
ampliando-a, nos penetrava a alma, e que só nossa alma sentia em febre de longe, em vibração
de abismos. Éramos todos alma. Desciam-nos só da alma os nossos desejos carnais."
A confissão de Lúcio, Mário de Sá Carneiro
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