A Caminho do Nada I
"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Tabacaria, Álvaro de Campos
A L. pela inspiração de muitos anos.
A Decisão
8h30. A mala está feita. Espero o táxi que me irá levar daqui. Daqui para o aeroporto, para depois desaparecer entre as nuvens rumo ao continente do rio vermelho, dos homens nas esquinas ao sol e da mulata de coxa grossa, da languidez dos dias bebendo cerveja na soleira da porta. Não sei porquê, mas já não sinto a tua falta.
- Aí, como vai? 'Tá fazendo frio? - dizia Juvenal ao telefone na terça-feira em que fui embora e decidi partir para o Brasil, e conhecer de vez, o país que abraçou o meu avô até ao fim. Telefonou-me depois de eu ter mandado uma carta, há já dois meses a perguntar mil e uma coisas sobre o meu avô.
Parto. Deixo a terra para trás, em pedacinhos minúsculos.
(No dia em que descia a nossa rua na nossa cidade, sentia-me a flutuar. Notícias boas. O meu livro seria publicado.)
No dia em que abri a porta, da nossa casa ao cimo das nossas escadas, da nossa rua no meio da nossa cidade, dei com o nariz na porta. A tertúlia tinha começado da sala para o quarto, espalhando histórias e momentos pelo caminho. E a história de casacos largados no meio do caminho não era minha.
Deixo-te as chaves da tua casa, no cimo das tuas escadas, na tua rua da cidade de todos nós. Tomei uma decisão.
Vou. Parto para conhecer o amigo de carnavais do meu avô, o outro mundo, o outro lado da minha existência.
Tabacaria, Álvaro de Campos
A L. pela inspiração de muitos anos.
A Decisão
8h30. A mala está feita. Espero o táxi que me irá levar daqui. Daqui para o aeroporto, para depois desaparecer entre as nuvens rumo ao continente do rio vermelho, dos homens nas esquinas ao sol e da mulata de coxa grossa, da languidez dos dias bebendo cerveja na soleira da porta. Não sei porquê, mas já não sinto a tua falta.
- Aí, como vai? 'Tá fazendo frio? - dizia Juvenal ao telefone na terça-feira em que fui embora e decidi partir para o Brasil, e conhecer de vez, o país que abraçou o meu avô até ao fim. Telefonou-me depois de eu ter mandado uma carta, há já dois meses a perguntar mil e uma coisas sobre o meu avô.
Parto. Deixo a terra para trás, em pedacinhos minúsculos.
(No dia em que descia a nossa rua na nossa cidade, sentia-me a flutuar. Notícias boas. O meu livro seria publicado.)
No dia em que abri a porta, da nossa casa ao cimo das nossas escadas, da nossa rua no meio da nossa cidade, dei com o nariz na porta. A tertúlia tinha começado da sala para o quarto, espalhando histórias e momentos pelo caminho. E a história de casacos largados no meio do caminho não era minha.
Deixo-te as chaves da tua casa, no cimo das tuas escadas, na tua rua da cidade de todos nós. Tomei uma decisão.
Vou. Parto para conhecer o amigo de carnavais do meu avô, o outro mundo, o outro lado da minha existência.
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