13.5.08

Quente Madrugada

Eu nasci em 79. Numa madrugada quente e de uma mãe adormecida mas feliz. De uma mãe jovem mas responsável. Nasci no ano em que o punk morreu, se é que morreu verdadeiramente. Nasci arrepiada, vermelha, nasci em Agosto no coração do Porto e tudo isto bastou para que a minha vida começasse. Este personagem que sou eu, que respira, que sente e que pensa. Este ser que carrego dentro do corpo, esta alma que sinto nas entranhas.
Nasci numa rua duvidosa num hospital de luxo. Nasci no meio de freiras e não acredito em Deus. Nasci em 79, e era para ser menino e Ricardo. Deram-me dois nomes. O da minha mãe e o da minha avó, que era jovem e tinha forças para me segurar e hoje sou eu que a seguro e carrego. Nasci porque tinha de nascer, nasci atrasada mas desejada. Nasci em 79, em liberdade, cinco anos depois da revolução. A minha mãe doente, adormecida não deu por nada. Quando acordou perguntou se era perfeita e voltou ao sono merecido de um esforço de que não se lembra. O meu pai, um jovem adulto eufórico, registou-me ainda com horas. Era o consumar de um acto. Era o meu nascimento, numa madrugada a ferver, de um ventre puro sem escombros. Eu nasci em liberdade e isso mudou tudo na minha vida. Eu nasci de vocês e só posso dizer obrigado.

4 Comments:

Blogger blá blá bá said...

Quem nasce assim,
renasce para mim.

Plim!

***

2:34 da tarde  
Blogger Ana Ribeiro said...

:) Plim!***
Luv u

5:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Lindo texto....lindo como tu!
beijos

12:22 da tarde  
Blogger Ana Ribeiro said...

Obrigado minha tia-anjo!

3:26 da tarde  

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