Ensaio na minha gaveta
(...) Era quase noite. O Sol espreguiçava-se ao longo das colinas arroxeadas que protegiam a aldeia e Benjamim sentava-se na janela. Sentava-se na janela redonda, escotilha da aldeia, onde foi pirata, corsário dos mares verdes, nunca dantes e por ninguém da aldeia navegados, emaranhados de sonhos e sereias. A tinta descascada pelo tempo dava-lhe uma sensação de pertença. Como se os seus oito anos, fossem oitocentos, e ele já estivesse ali desde sempre, no seu quarto a criar raízes.
Lá fora os preparativos da festa da aldeia ferviam em todos os poros dos seus habitantes. Zangavam-se por causa dos enfeites, riam baixinho, faziam doces, docinhos e doçarias, andava tudo numa roda-viva. (...)
@Anita