28.11.06

Mário Cesariny de Vasconcelos 1923-2006


Todos por Um

A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza

Santos
Mártires
e Heróis

Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.

Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a pontos de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum

CESARINY

22.11.06

Aldous Huxley (1894-1963)



Faz hoje 43 anos que Huxley morreu. Já merecia um tributo...

"Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito." - The Doors of Perception, 1954

21.11.06

Sentido de Amor


Conheci o Negreiros, quando declamava poemas nos Stealing Orchestra, e vi-o anos mais tarde a declamar no Café Lusitano. Era um personagem bem divertido, inteligente e tinha uma mulher linda. Provalvelmente, depois destes anos todos, já não se lembra de mim. Mas é bom quando alguém que por momentos fez parte da nossa vida, anda a fazer coisas giras e com verdadeiro sentido de humor.

2 de Dezembro
Casa da Eira - Paços de Ferreira

11 de Novembro, sábado
Paris: Association Culturelle des Portugais de Les Ulis (91, Les Ulis)

Podem escutar e ver aqui.

20.11.06

Os 3 objectos

Custa-me respirar o ar abafado do teu escritório. Ainda me custa, passados estes anos todos. A fotografia do teu pai em uniforme, gasta de tantos dedos lhe tocarem, continua cá. O pó dos anos agarrou-se na parte superior para ali ficar e não deixar ver a cara do teu pai. Queria-te dizer que o canto inferior direito foi rasgado pelas mãos inocentes da Benedita, mas o teu pai continua na sua pose austera e firme. Num papel sépia, na memória da objectiva, com a data que mal se lê e o carimbo do fotógrafo a azul. Caiu no outro dia, de dentro da usada edição de poemas de Pessoa. Essa bíblia que ainda tem o cheiro a couro da tua mala e as rugas e as marcas na ponta da página quando as dobravas para me irritar. É pequena, porque é uma edição de bolso. Do teu bolso, da tua vida. A capa já inexistente deixa ver a dedicatória “Desta Mensagem já não te livras.”. Lembras-te das muitas páginas com letras pequeninas serifadas, que me puseram a precisar de óculos? Custa-me respirar aqui. As pétalas dentro do livro já não têm cheiro, o teu cão de porcelana que sempre me fez arrepios até parece que perdeu o brilho. Está frio e poeirento. Um cocker spaniel dourado e algumas manchas pretas com ar plácido de bibelô. É o que ele é, um bibelô que nada conta, de coleira vermelha. Não ladra, não reconhece a fotografia do teu pai e nem tão pouco lê Pessoa.
Fecho a porta e deixo os teus objectos pousados, suspensos no tempo.

17.11.06

Conflito

O conflito é áspero e desconfortável como um pau de giz. Suja-nos as mãos e deixa o pó assentar nos casacos.

12.11.06

Workshop de Escrita Criativa. Eu vou!



Dada a enorme afluência do público aos " Workshops de Escrita Criativa" anuncia-se a abertura da 4 ª Edição deste evento a decorrer de 15 a 18 de Novembro e 5 a 7 de Dezembro entre as 21h00 e as 23h00.


O Workshop divide-se em 4 módulos:
1- À procura da imaginação
Exercícios - choque de imaginação; escrever olhando para fora; Sensorialização da escrita.
2- O que é uma imagem?
Metaforização; à procura do que é uma imagem.
3- Técnicas em prática
Exercícios para usar antes, durante e depois do texto.
4 - Imaginação e real
Exercícios de construção a partir do real e da memória.


Pois é! Já não há vagas. Eu e as meninas lindas vamos dar largas à nossa imaginação, se é que já não temos suficiente. ;)
Acho que precisamos de mais alguma...

10.11.06

Hoje



A vida pousou em mim. Senti-a trespassar-me as entranhas, como um poltergeist. O meu coração acelerou a descer a rua da alegria, e o teu livro caiu-me das mãos estatelando-se no chão. A vida espera por mim ao dobrar da esquina, na montra do café ou da retrosaria. Estarei eu à tua espera, meu filho?

8.11.06

(...) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

(Resíduo)

Carlos Drummond de Andrade

6.11.06

Uma revista que é um amor

Não me canso dela, mesmo quando não me apetece falar de amor...