9.8.06

A três dias de ir para férias, a minha vida continua no corre-corre, empurrão-safanão.
Até Setembro.

7.8.06

My phone's on vibrate for you

My phone's on vibrate for you
Electroclash is karaoke too
I tried to dance Britney Spears
I guess I'm getting on in years

My phone's on vibrate for you
God knows what all these new drugs do
I guess to have no more fears
But still I always end up in tears

My phone's on vibrate for you
But still I never ever feel from you
Pinocchio's now a boy who wants to turn back into a toy

So call me
Call me the morning, call me in the night
So call me
Call me anytime you like

My phone's on vibrate
For you, for you


Rufus Wainwright

Pedro das minhas estantes...



ELA E SÓ ELA
Sabes o que ele me disse? Que aquilo é como a primeira namorada. Adormeces a pensar nela e acordas a pensar nela.
Eu já sabia, já te tinha dito, lembras-te?, eu já sabia mas não queria ter a certeza.
Foi assim. Telefonei ontem à hora do almoço lá para casa e a mãe, devia ser a mãe, era a mãe com certeza, disse-me
que ele ainda estava a dormir. Há uma data de dias que não o via, não podia mais. Peguei no carro e fui lá.
Quando cheguei, estava a tomar duche e tive de esperar um bocadinho no quarto dele. Na parede um poster a preto
e branco. No chão, a roupa da noite. Entrou silenciosamente. Estava lindo, tão lindo dentro do roupão azul escuro.
Nem imaginas como ele é lindo.
Foi tomar o pequeno almoço na cozinha e depois disse-me para voltar com ele lá para cima. Fechou a porta atrás
de nós mas não a fechou à chave, mas eu pensei de qualquer modo que ele me ia agarrar, beijar. Eu ainda só dormi
com ele duas vezes, mas devia ser proibido fazer amor assim. Agarrou-me por dentro, sabes? Devia ser proibido.
Uma pessoa não pode fazer nada.
Mas ele não me agarrou. Tomou um ar sério e disse-me para não ter medo e depois sorriu. Então começou a preparar
aquilo. Fiquei muda todo o tempo. Passavam-me coisas tão depressa pela cabeça que eu não conseguia pensar em nada. Não conseguia tirar os olhos daquilo.
Depois arrumou tudo e pôs um disco, como se nada fosse. Eu fiz de conta. Passado um bocadinho chegou um amigo dele,
o Tó. Beberam uma cerveja e depois o Tó foi-se embora. Ele voltou a fechar a porta e voltou a preparar aquilo e a fumar aquilo. Para atestar, disse, percebes? Eu não lhe disse nada. Ele gostava mais daquilo do que de mim. Muito mais, tive a certeza. Apeteceu-me chorar mas não chorei. Olhei o Ian Curtis que continuava no seu salto no poster e fiz como se tudo aquilo me fosse indiferente. Uma pessoa consegue.
Mas eu sei muito bem, eu é que lhe sou indiferente. Eu e tudo o resto. Menos aquilo. O que aquilo faz é tornar tudo o resto indiferente, sabes? O verdadeiro inferno.
Não me agarrou. Eu é que tive de o agarrar. Parecia um bebé a sorrir. E eu gosto tanto dele, merda. Despi-o e fiz-lhe amor
e foi então, logo a seguir, que ele me disse: "Sabes, aquilo é como a primeira namorada. Adormeces a pensar nela
e acordas a pensar nela."

Pedro Paixão
Viver todos os dias cansa, 95