30.1.07

Spoon

Spoon in spoon
Stirring my coffee
I thought of you
And turned to the gate
On my way came up with the answers
I scratched my head
And the answers were gone
From hand to hand
Wrist to the elbow
Red blood sand
Could Dad be God
Crosses cross hung out like a wet rag
Forgive you why
You hung me out to dry
Maybe I'm crazy
But laughing out loud
Makes the pain pass by
And maybe you're a little crazy
But laughing out loud makes it all subside
Holding I'm holding
I'm still falling
Spoon in spoon
Stirring my coffee
I thought of this
And turned to the gate
But on my way
Crack
Lightning and thunder
I hid my head
And the storm slipped away
Well maybe I'm crazy
And laughing out loud
Makes it all pass by
And maybe you're a little crazy
And laughing out loud
Makes it all alright
Laughing out loud
From time to time
Minutes and hours
Some move ahead while
Some lag behind
It's like the balloon that
Rise and then vanish
This drop of hope
That falls from his eyes
Spoon in spoon
Stirring my coffee
I think of this
And turn to go away
But as I walk
There're voices behind me saying
Sinners sin
Come now and play


Dave Matthews Band
A tua mão. Quente e surpresa a cada fio de cabelo. O tempo apaga as histórias que fizemos nossas, o tempo apaga sorrisos. Mas o tempo deixa a tua mão mais experiente, mais sensível. Deixa as minhas trémulas em cima das tuas. Há coisas que o tempo não pode nem consegue apagar. São coisas, apenas coisas.

Anita

29.1.07

A IGNORÂNCIA
Nada mais assustador que a ignorância em acção.

Johann Goethe

23.1.07

O Anjo

Sonhei um Sonho! Que quer dizer?
Eu era uma Rainha virgem,
Guardada por um Anjo doce:
Estúpido infortúnio nunca foi enganado!
E chorei noite e dia,
E ele enxugou minhas lágrimas,
E chorei noite e dia,
E escondi-lhe o gozo de meu coração.
Então ele abriu suas asas e voou;
Então a manhã se envolveu de um vermelho rosado;
Sequei minhas lágrimas, e armei meus temores
Com dez mil escudos e lanças.
Logo meu Anjo voltou:
Eu estava armada, voltou em vão;
Porque o tempo da juventude havia voado,
E cabelos cinzas estavam sobre minha cabeça.


William Blake

22.1.07

Que este amor não me cegue nem me siga

Hilda Hilst

Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua de estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.

Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.

Que este amor só me veja de partida.

11.1.07

I

«Passamos a vida a fugir
de alguma coisa e à procura de outra.
O nosso comum destino é chegar e partir.»

Os corações também se gastam,
Pedro Paixão


Quando o meu coração parou eram exactamente três horas e um quarto no relógio da sala da tia Justa. Caiu no carrinho de chá cheio de bibelôs trazidos pelo Francisco, de França. E partiu-se em milhões de cacos como se um deles se tratasse.

O que eu mais fiz na vida foi fugir e instalar-me no sofá verde da minha mãe confortável a beber. Fosse o que fosse, não me importava.

O que eu mais fiz na minha vida foi fugir de ti. Das tuas insinuações, da tua mulher, da tua cama no fim da hora de almoço, das tuas conversas. De ti e de nós. Porque nunca tive a certeza que o teu caminho era o meu e, porque sempre tive a certeza que tu nunca caminharias nele comigo.

O que eu mais fiz nas minhas horas foi beber. Qualquer que fosse o líquido, sentia-o a escorregar pela garganta como se fosses tu a escorregar pelo meu corpo acabado de sair do banho. Como se fosses tu a dar-me qualquer sensação de bem-estar tal qual um comprimido anunciado na tv.

Agora que ias para Tóquio, as horas deixaram de fazer sentido. O mundo virado ao contrário, os relógios trocados e um jet-lag perfeito para os desencontros. Nunca fomos bons nos encontros, porém sempre subtis nas partidas.

E depois, também nunca estive à tua espera. Gostava quando ias e vinhas, e ias e não vinhas, e vinhas e não ias. Sobretudo, quando não ias. Sobretudo quando ias e era para sempre, mas acabavas sempre por voltar.

Nunca entendi uma palavra de japonês.

Anita 2007-01-11
Preciso urgentemente de te sentir. Sentir de novo. E começar tudo outra vez.

10.1.07

Frase para pensar no referendo

A liberdade é um bem tão apreciado que cada qual quer ser dono até da liberdade alheia.

Charles de Secondat Montesquieu

Estou numa de música

Photobucket - Video and Image Hosting
Every kind of love
Or at least my kind of love
Must be an imaginary love to start with
Guess that can explain the rain waiting walking game
Schubert bust my brain to start with

Cause every kind of love
Or at least my kind of love
Must be an imaginary love to start with
Guess that can explain the rain waiting walking game
Schubert bust my brain to start with

Oh, to look at you
In a cab
Back of your head across my lap
Oh, what grace
Green back seat against the red of your face
Oh, to look at you
Any old grand hotel
Drunken demands give way to reservations
Oh, what a room
Champagne brings such happy faces
Happy faces

"Imaginary Love" - Rufus Wainwright

Fistful of Love

Photobucket - Video and Image Hosting
I was lying in my bed last night staring
At a ceiling full of stars
When it suddenly hit me
I just have to let you know how I feel

We live together in a photograph of time
I look into your eyes
And the seas open up to me
I tell you I love you
And I always will
And I know you can't tell me
I know you can't tell me

So I'm left to pick up
The hints, the little symbols of your devotion
So I'm left to pick up
The hints, the little symbols of your devotion

And I feel your fists
And I know it's out of love
And I feel the whip
And I know it's out of love
And I feel your burning eyes burning holes
Straight through my heart
It's out of love
It's out of love

I accept and I collect upon my body
The memories of your devotion
I accept and I collect upon by body
The memories of your devotion

And I feel your fists
And I know it's out of love
And I feel the whip
And I know it's out of love
And I feel your burning eyes burning holes
Straight through my heart
It's out of love, ooh hoo
It's out of love

Give me a little bit serious love
Give me a little full love
Be full of love

Fists, fists, fists full of love...

(Antony & the Johnsons)

8.1.07

Mi vida

Colômbia de mi vida, da tua vida. Das tardes à soleira da porta vendo Bogotá fazer-se à estrada freneticamente. Libertad y Orden ao volante do teu carro. Estragas-me a digestão com o teu olhar lânguido e moreno. Deixas-me de estômago apertado e com calor. Senta-me no teu colo ao volante do teu carro e sente o cheiro da cidade, esperando que a Corrente del Niño ameace o dia sobre as nossas cabeças. Gosto de beijar-te à chuva. Sentir as pedrinhas nos pés descalços e a terra quente, húmida.
Bogotá de mi corazón. Zambo de mi vida, das minhas noites na tua cama e das manhãs escondidas. Deixa-me partir esta noite contigo dentro da minha alma.

Anita - Janeiro 2007



Mi Vida - Manu Chao

Mi vida, lucerito sin vela,
mi sangre de la herida,
no me hagas sufrir más.

Mi vida, bala perdida
por la gran vía, charquito de arrabal.
no quiero que te vayas,
no quiero que te alejes cada día más y más.

Mi vida, lucerito sin vela (aquí no pegamos los ojos)
mi vida, charquito d’agua turbia,
burbuja de jabón,
mi último refugio, mi última ilusión,
no quiero que te vayas cada día más y más.

Mi vida, lucerito sin vela,
mi sangre de la herida,
no me hagas sufrir más.
(aquí no pegamos los ojos, aquí no pegamos los ojos)
Mi vida

5.1.07

Literaturas I



«O desejo de ser inútil», de Hugo Pratt e Dominique Petitfaux. Vou começar hoje.

Obrigado pelo empréstimo, mestre conde.

3.1.07

Poema dum Funcionário Cansado

Photobucket - Video and Image Hosting

A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só

António Ramos Rosa

Nada é impossível de mudar

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

Bertold Brecht