30.1.08

A única verdade absoluta

As pessoas quando sentem
fazem-no com o coração
é no trajecto p’ra cabeça
que se perde a informação

João Negreiros, O cheiro da sombra das flores

Desafio

Adoro-te nem imaginas quanto
e tu respondes

não imagino?
eu sussurro algo ao teu ouvido e tu dizes

tanto?


admiro-te muito
tanto ou mais
não perguntes quanto
que surpresa ainda cais da cadeira
mesmo que estejas de pé
eléctrica pela brilhante execução
quando acontecer quero-te como algoz
a ver se pelo menos antes do fim
nus deixam estar a sós
amo-te mais que a mim
não que não me amo muito
amo-te mais que a ti só por ser impossível
sabes adoro desafios
queres cantar ao desafio?
queres?
mas espera só vale canções de amor

João Negreiros, O cheiro da sombra das flores

29.1.08

Pensamentos do dia para pensar todos os dias





28.1.08

SE NATURAL
FOSSE SIMPLESMENTE
EXTRAORDINÁRIO

Se as Cidades fossem abertas.
Se não houvesse paredes,
ou se as paredes fossem transparentes.
Se as paredes fossem janelas.
Se estivéssemos expostos a outras dimensões,
ou se simplesmente déssemos pela sua existência.
Se nos questionássemos pelo simples prazer de encontrar novos significados.
Se estivéssemos mais atentos ao que nos circunda.
Se de repente nos encontrássemos sem querer num espaço totalmente alheio.
Se olhássemos para o desconhecido como o nosso reflexo.
Não seriamos tão estupidamente críticos.
Se os nossos hábitos e as nossas maneiras de agir e de ser fossem idênticas.
Se vestíssemos todos as mesmas roupas,
usássemos os mesmos perfumes,
se tocássemos a mesma música.
Se as opções se esgotassem.
Não estaríamos aqui.
Se estivéssemos a partilhar o mesmo espaço sem darmos conta disso.
E se ainda por cima estivéssemos a caminhar na mesma direcção
com objectivos semelhantes.
Se a realidade fosse nua e crua.
Se natural fosse simplesmente extraordinário.
Não haveria mais nada a dizer.
Para falar em tendências é preciso olhar em frente,
além, e voltar a olhar para trás.
Este é o ponto zero,
o ponto das possibilidades infinitas.
Daqui, a vista parece atingir o ponto onde o mar e o céu se dissolvem.
Este é o ponto onde nos encontramos no presente.
Daqui para a frente, tudo é possível.

texto de Juliana Reis, IN CRU-A (Número 0, Dez 2006)

Duquesa de Ouros

Era uma vez, há muitos, muitos naipes atrás
uma Duquesa altiva e sorrateira
Que adorava cartas e água com gás
E inventava truques a noite inteira

Jogava às cartas de noite e dia
E ganhava sempre que podia

Deitava as cartas às vizinhas
E jogava à Bisca com as sobrinhas

Tinha um cabelo comprido e florido
onde escondia o seu jogo preferido

Chamavam-lhe a Duquesa de Ouros
Porque os seus baralhos eram feitos de mil tesouros

Certo dia, com ela fui pelo salão passear
Mostrou-me a Pesca, a Sueca e a Lerpa
Passamos todo o dia na galhofa a jogar

Na hora de ir para casa disse-me com uma certa sonolência:
- Aprende a jogar como eu, e um dia nomeio-te Dama da Paciência.

Ana Ribeiro, Na terra dos trunfos baralhados
(espero que esta tentativa infantil, dê os seus frutos)

23.1.08

Está sol, mas chove na minha cabeça.

FUMAR

Sempre fiz questão de nunca fumar quando estou a dormir.

Mark Twain

22.1.08

REI




"Nem sempre o desespero conduz a maus encontros."
REI, de Rui Zink e Antºonio Jorge Gonçalves

10.1.08

Limpeza de Primavera

Irremidavelmente, folheio a minha agenda. Estão lá escritas tantas coisas que não sei se irei realizar, no entanto, gosto de escrever o meu futuro, ou pequenas anotações sobre ele.

A minha agenda tem muitas fotografias de pessoas que não conheço tiradas por máquinas de qualidade duvidosa, mas interessantes. Tanto as pessoas como as máquinas.

A minha vida também tem muitas fotografias. De pessoas que conheço bem, outras mal, outras de quem anseio conhecer melhor. E as máquinas também são estranhas ou simplesmente deixaram de funcionar.

Entregar projectos, concorrer a sonhos, ouvir poesia, ir a um concerto noutra cidade, jantar com aquelas pessoas, ir ao teatro sem me preocupar com o vestido, ir ao cinema onde não existem pipocas. Ir ter contigo, ir ter com muita gente e fazer ginástica. Ginástica propriamente dita e ginástica para aumentar os meus dias, semanas, meses, para caber tudo e toda a gente.

Às vezes, apetece-me desisitir. Fechar a agenda. Guardá-la para situações de emergência, mas guardá-la. Fechá-la sem códigos secretos, arrumá-la num sítio , onde só se lá vai para fazer limpezas profundas. E encontrá-la nas limpezas de primavera e saber o que perdi ou, eventualmente, o que ganhei em não me seguir por um futuro determinado.

Abro a agenda. Escrevo lá mais para a frente: Guardar agenda no armário. Tentar encontrá-la daqui a uns meses.

POESIA EM CONTRA-MÃO NO CONTAGIARTE

POESIA EM CONTRA-MÃO
Luís Pacheco, o libertino
Rui Oliveira convida Isaque Ferreira
15 de Janeiro, Terça 23h00 - Café-Concerto


Poesia em contra mão pretende pôr as palavras em rota de colisão com as diferentes áreas de expressão. Uma espécie de laboratório onde se pode experimentar música, teatro, pintura, performance, dança, mas onde a palavra tem sempre um papel importante. O resultado será sempre imprevisível. Relembrando uma antiga máxima da ACARO, o importante não é mostrar o que se faz, mas fazer participar no que se propõe.

9.1.08

Antes que anoiteça de Reinaldo Arenas


Prós: Um livro verdadeiro sobre vidas verdadeiras. Para mim, uma obra-prima.
Contras: Não poder lê-lo de enfiada, só no comboio e no metro.

O ENGANO


Foto: Bingo Little, in Flickr

"A melhor maneira de sermos enganados é julgarmo-nos mais espertos do que os outros."
François La Rochefoucauld

7.1.08

Morreu o Sacristão do Surrealismo



Luiz Pacheco 1925-2008
Até sempre!